terça-feira, 25 de agosto de 2015

Recado a um amigo

 
 
        
 
            Sempre busco ler a visão cristã sobre determinados assuntos. Porém, quando o assunto envolve: igreja, negro(a), escravidão os textos tendem mais a justificar do que assumir os danos, explicar e nos reconhecer na essência, encontrei esse consolo e consideração ao ler o artigo http://blog.cancaonova.com/pensandobem/2008/11/20/dia-da-consciencia-negra-e-a-demonizacao-da-cultura/#comment-98941; olha que li muitos de Felipe Aquino em diante e só me entristecia. Como amo a Cristo e a igreja, penso na fé que é o que me move acima de tudo, e acabo fazendo em relação a igreja a mesma "vista grossa" que a igreja Brasileira ainda faz em relação ao negro(a) mesmo com as pastorais e o pedido de desculpas do Papa. Tem sido difícil ignorar, até porque os padres resolveram lembrar que existe política, principalmente por conta do preço da conta de luz das igrejas!  Aí pensei, mas e antes, e as demandas de quem sempre esteve aqui com seus direitos sociais e políticos violados ano após ano, e o importante era só rezar... Nunca vi esse interesse todo pra combater o racismo. Passei a pensar que pertenço a uma religião que historicamente menosprezou e ajudou a despir a identidade e a cultura do povo negro, mas estava tentando mais uma vez buscar consolo em meu coração sobre a omissão da igreja católica com a o negro no Brasil. Em estudos e até diante de amigos sou deparada com a realidade de que servi toda a minha vida a uma religião que assistiu nossa dor (por motivos históricos diversos...), despiu, marginalizou nossa cultura, trajes, nomes. Mesmo após abolição assistiu sermos chamados de imundos, sujos, feios, cabelo duro, ladroes, preguiçosos, etc como se não fosse nada disso, como se racismo fosse coisa da nossa cabeça, nunca ouvi um padre dizer em homília que racismo é pecado e isso vinha me incomodando, até surgiu dúvidas se a igreja católica acha realmente racismo pecado. Participei de tanta coisa, tantas campanhas da fraternidade, falando de tantos povos, mas quando se tratava do meu era de um jeito artificial, bem aquele racismo a brasileira chamando preto de moreno, transferindo padres negros porque a "comunidade" não se adaptou e assim por diante. Não tive como fugir não pensar no fato de que me "alienei" ou sequer vivi a essência e a cultura do meu povo, claro que sei do racismo estrutural que existe no Brasil e acaba afetando todos os setores. Participei da marcha das mulheres negras que houve aqui no Rio e enquanto caminhava lembrei de quantas procissões participei e pensei como será meu povo fazia seus cortejos, a quem nós festejávamos? Para finalizar obrigado pelo que você escreveu e como você escreveu. Quanto ao nosso professor ai de cima claro que Zumbi tinha escravos, imagine um negro sem “dono” andando pelas ruas do Brasil colônia. Os “escravos” de Zumbi iam a cidade, vendiam os produtos que eram produzidos em Palmares e ninguém mexia por que eram “escravos” de Zumbi. Isso não quer dizer que eram tratados da mesma forma que os brancos os tratavam, senão não teriam porque fugir de seus senhores né... dono por dono. Desculpa comentar sobre isso é que infelizmente esses e outros argumentos, tentam justificar o cunho perverso da nossa colonização.

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